domingo, 11 de setembro de 2022

Espaços Liminares na Cultura POP #1 - Edward Mãos de Tesoura (1990)

Uma boa tarde à todos vocês, meus amigos! Como está indo o domingo de vocês? 

Ontem à noite revi com meus familiares o clássico Edward Mãos de Tesoura (1990), da lenda Tim Burton, e queria abordar nesta postagem o cenário do filme, pois essas casinhas coloridas ''todas iguais'', alinhadas uma do lado da outra me deram agonia. Na hora eu lembrei de todo o conceito de Espaços Liminares e pensei em abordar o filme aqui no (a) site/página. 



Faz tempo que eu assisti a este clássico dos anos 90 e lembrava vagarosamente de alguns aspectos do filme, mas na hora que me disseram que iriam colocá-lo no Disney + para assistirmos com toda a família numa noite quente de sábado logo me veio a sensação de ''prisão'' e ''sufocamento'' que esse filme me causou na primeira vez que assisti a ele. Eu era pequeno, estava entrando na adolescência (lá pelos meus 12 ou 13 anos) e toda essa lore dos Liminal Spaces nem existia ainda na internet, mas eu senti esse ''sufocamento'' mesmo sem ter tido contato com esse conceito de liminariedade. Veja algumas fotos do cenário do filme:




Observe agora alguns takes específicos nos quais eu mais senti aquela sensação de ''prisão'': 





Assistindo ao filme, nestes frames acima foram os momentos nos quais eu mais senti como se eu estivesse preso naquele lugar com os personagens, sobretudo quando não aparece nenhuma nuvem no céu, como na primeira foto: eu, particularmente, vi difiuldade para perceber alguma ''profundidade'' entre as casas e o céu, às vezes para mim pareceu que ele não estava a quilômetros de altura do chão mas sim que era uma espécie de ''teto pintado'' ou um ''papel de parede'' azul, com algumas nuvens desenhadas.

Dentro das casinhas a sensação foi ainda pior:





O Edward, por ser diferente das demais pessoas daquele lugar, se sentia ''descolado'', parece que ''ele não devia estar ali'', ''ali não era o seu lugar'', muitos não o aceitavam na comunidade, e eu vivi sensações semelhantes quando o assistia caminhando pela casa dos Boggs, a família que o ''adotou''. Aquele mundo me pareceu, desde o início do filme até o final, ''falso'' e ''artificial'', sentindo-me ''preso'' e a ponto de ''sufocar'', dando um sentimento de ''desespero'' e ''vontade de fugir dali a qualquer custo''. Todo o cenário contido nesses frames parece não ter saída, parece que estão ''fechados numa maquete'' ou ''presos em um pequeno globinho de neve'', o ''mundo'' parece acabar ali, na montanha, na qual foi construído o castelo do inventor que criou Edward e onde ele viveu antes que a Senhora Boggs o encontrasse.


Sabe quando você chega ao limite de um cenário em um jogo de mundo aberto? E não é possível ultrapassar esse limite e o personagem parece que esbarrou numa parede invisível? Essa é a minha sensação ao observar o ''final'' do cenário do filme. 




E aí, lembram deste clássico? Sentiram a mesma coisa que eu quando o assistiram pela primeira vez? Passaram por este "estranhamento"? Se não os convido a reassistir e enxergar a obra " com outros olhos".